Ninguém Está Contente

Parece mesmo que ninguém está contente com o que “TEM”.

O ser humano foi criado para EVOLUIR e para isso é preciso ter ambição, mas uma ambição positiva.

Mas será que é possível ter ambição positiva?

É muito complicado, pois a ambição traz o querer, e geralmente é o querer ter o que não se tem, seja no que se refere a bens, conhecimento ou lazer, e com esse desejo de ter o que não se tem podemos nos deixar trair pela inveja ou a cobiça, aí a tendência é que essa ambição não seja nada positiva.

A ambição saudável faz parte da natureza do ser humano, o problema é que ele consegue transformá-la em algo muito negativo.

Querer estudar para poder competir por um emprego melhor, querer acumular riqueza para usufruir e poder viver melhor, proporcionar mais tranquilidade e conforto para nossa família, tudo isso é saudável, desde que nossas atitudes sejam éticas, responsáveis e honestas para atingir esses objetivos.

Acontece também que na questão física, desde muito cedo estamos numa competição exaustiva por possuir uma beleza sem considerar que beleza vem da alma, que beleza é uma qualidade extremamente relativa e abstrata. E nos deixando trair pela impressão de que temos que ter ou seguir um determinado padrão, passamos a correr atrás de uma beleza muitas vezes fabricada e que é realmente usada para nos vender muita coisa, até mesmo a própria beleza.

Sem perceber, estamos tentando ter os cabelos de uma estrela da TV, as unhas de outra, a barriga de uma cantora famosa, e essa busca nunca se encerra, pois mesmo que seja possível ficar com os cabelos de outra pessoa, pode não combinar com nosso "padrão".

Mas quando o assunto é dieta, somos PHD. Vamos atrás de tudo que aparece de novidade, e só não usamos se não tivermos dinheiro para adquirir, considerando inclusive empréstimos e endividamento para isso.

Parei para fazer essa reflexão quando, analisando meus resultados, percebi que cheguei exatamente no peso de quando comecei a me preocupar com os quilos a mais. Hoje eu peso o que pesava quando o assunto dieta passou a fazer parte do meu cotidiano.

Após duas gestações, o corpo já não era mais o mesmo, a barriga começou a incomodar,  e o fato de querer a todo custo voltar a ter o corpinho invejável de antes, fez com que eu me perdesse completamente por caminhos nem sempre adequados, fazendo com que eu aumentasse ainda mais o peso, o manequim e a frustração.

É importante saber diferenciar conformismo de aceitação. 

Não precisamos nos conformar com as coisas ou situações, mas em alguns momentos a aceitação ajuda a levar a vida de uma forma mais saudável.

Eu não precisava querer retornar ao corpinho da adolescência, mas era exatamente aquela imagem que me assombrava quando surgia a vontade de emagrecer.

E essa busca pela "perfeição" nos faz andar em círculos, no meu caso, eu mesma acabei ficando “redonda”. Buscando caminhos mais curtos, queria sempre emagrecer em uma ou duas semanas e como o resultado não vinha, revoltada aumentava ainda mais o tamanho do prato e assim cheguei ao "plus size", que tanto abomino. 

Estou trabalhando isso comigo mesma, eu quero realmente separar o querer do poder. De repente eu não posso ou não devo querer um corpo incompatível com minha constituição física atual, melhorar é sempre possível, mas da mesma forma que fiz quando estipulei uma meta atingível para esse ano, preciso atentar para até onde é possível chegar, me contentando com o resultado viável, não buscando o impossível.

Buscar eternamente a perfeição traz muita frustração e precisamos estar atentos para não exagerar no grau de exigência e na ambição.


É sempre bom saber dosar tudo nessa vida, para não querer mais que o necessário...